30 de nov. de 2011

Desejo (Conto)

Em um dia qualquer, me lembro de estar andando pelos corredores da faculdade, em uma situação meio engraçada e meio constrangedora esbarrei com um “fantasma”, na verdade foi tão rápido que nem cheguei a prestar atenção no rosto do “Fantasma”. Derrubei tudo que eu tinha nas mãos. De repente tinha alguém chorando em meus braços, alguém que eu nunca havia visto na minha vida, mas, que parecia estar totalmente abalada com algo.

Não entendi qual o motivo dela estar naquele estado, só que sem dúvida tinha sido por conta da garota que passou levantando poeira por onde passou...
Aquela menina que me agarrou e começou a chorar não me explicou muita coisa, depois de minutos chorando em meu ombro, levantou os olhos: - Eu não entendo qual o motivo de ser você, tantas outras nessa faculdade e foi logo você.. eu te odeio! – a menina saiu sem que eu pudesse compreender qualquer coisa sobre o que estava acontecendo naquele momento. Olhou-me com alguma raiva e se foi...

Eu curso psicologia, e tinha a mania de tentar desvendar as pessoas.. aquela situação me levou a pensar sobre tudo. Qual era o motivo da briga daquelas duas? Seriam amigas que se desentenderam por estarem apaixonadas pelo mesmo galã. Seriam elas irmãs que brigaram por um motivo fútil qualquer. Seriam elas namoradas. “Mas, namoradas?”. Questionei-me com certo receio. Na verdade, eu não queria acreditar que elas eram namoradas.. Eu nunca vou entender esse tipo de relacionamento. Por fim, nunca mais vi essa determinada garota nos corredores da faculdade. Ouvi certa fez que essa era do curso de direito e que havia entrado em depressão por conta do termino de um determinado relacionamento e estava em tratamento. Pelo jeito eu estava certa sobre a situação que presenciei.

Dias depois...

- Bom dia turma! Hoje teremos um projeto diferente! A algumas semanas atrás eu publiquei fiz um convite para determinados alunos de matérias diversas para que participassem desse projeto. Alguns alunos inscreveram-se, eu selecionei 10 deles e falei o mesmo com vocês.

Era comum termos a presença de outros alunos na sala, assistindo ou participando da aula; aquele projeto era diferente e atraente. Alguns ficaram muito ansiosos e eu também.

- Eu escolherei dez alunos através de um sorteio e o mesmo será feito com os alunos.
Aquilo surpreendeu boa parte da turma, ganhar o sorteio era como ganhar o sorteio da mega sena. Estávamos ansiosos para saber o que aconteceria.. Eu fui escolhida e gostei disso. Em seguida o professor mandou que tirássemos os nomes dos alunos das outras turmas que avaliaríamos durante 3 meses.
-Priscilla Aguiar! Sua vez!
Coloquei a mão dentro da sacola improvisada para o sorteio.
- Diga o nome em voz alta e curso, Paloma!
- Fernanda Martins – Relações Internacionais!

No mesmo momento em que pronunciei aquele nome, começaram várias conversas paralelas.. e todos foram interrompidas pelo professor.

- Silêncio! Esse projeto será estendido aos demais alunos.. após a concluso da primeira etapa os demais concluíram o projeto que explicarei após ser concluída essa etapa. Vocês precisam encontrar a pessoa que iram avaliar e depois encontrar a melhor maneira para fazer isso. Para os demais, aguardem!

-Carol?
- O que, Pri?
- Qual foi o motivo da euforia que rolou com o nome da menina de relações internacionais?
Carol me olhou com uma cara de garota assustada.. – Nada Priscilla, eu não faço a mínima ideia. Aproveita que vai estar com ela e descobre.
- Ajudou muito Carol!
Notei que tinha algo de errado com aquela menina, havia um mistério no ar. Aquela garota poderia me causar algum tipo de problema... Mesmo assim tinha que concluir o projeto.

Procurei pela tal Fernanda Martins em relações internacionais, mas, ela não estava por lá. Duas ou três pessoas para quem eu perguntei, disseram que ela não aparecia nas aulas a alguns dias já.

- Ei! Colega!

Ouvi uma voz ao fundo gritando, mas preferi não dar atenção...

- Priscilla!

Olhei para ver que chamava por mim, só que não reconheci a pessoa. Parei então para ouvir o que ela tinha a dizer:

- Oi! É você que está procurando pela Nanda né?
- Sim, sou eu. Sabe onde posso encontrar ela?
- Sim! Na verdade, ela me pediu para falar com você.
- Ok. E como posso encontra-la?
- Bom, ela mandou avisar que ela te procura.
- E como ela vai saber quem eu sou?
- Ela já sabe...

Dias depois...

Eu caminhava para a sala, havia se passado alguns dias e nada daquela tal de Fernanda Martins. Eu já estava ficando com raiva, aquela garota parecia não se importar..

- Quem essa garota pensa que é? Já se passou quase um mês e ela não deu sinal de vida. Será que ela acha que eu tenho a vida toda para esperar por ela...
Eu ali falando sozinha, quando eu ouvi uma voz vinda do fundo..
- Desculpa! Por fazê-la esperar tanto, eu estava resolvendo um problema pessoal.

Eu fui tomada de súbito por uma vergonha inexplicável. Olhei para trás e lá estava ela encostada na porta com um meio sorriso no rosto, parecia estar tão envergonhada quanto eu com aquela situação. Eu prendi o olhar nela por alguns minutos.. aqueles cabelos longos e escuros.. tão escuros quantos aqueles olhos, tudo nela parecia estar em perfeita sintonia..

- E então, você me desculpa?
Ela cortou meus pensamentos, meu olhar, tudo. Com uma voz tranquila. Eu cheguei perto dela para cumprimenta-la.
- Priscilla, não é isso?
- Isso. Fernanda não é?
- Exato..

Nosso papo um tanto quanto estranho não estendeu. Por fim, marcamos de conversarmos e ajeitar os detalhes do projeto. Eu disse que precisava saber sobre o dia-a-dia dela, mesmo ela parecendo não estar nem um pouco a vontade de abrir um pouco da sua vida comigo, ela aceito e concordou.. olhou nos meus olhos, deu novamente um meio sorriso e se foi.


[Continua...]

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