25 de mar. de 2012

Conto - [Insira um título aqui]

I

A pessoa que vós fala aqui mudou, e mudou muito. Ocorreu no meu tempo de faculdade, eu era a típica “nerd” de faculdade, quase me formando já. Foi exatamente quando pensei que não havia mais nada por acontecer comigo que houve essa revira-volta.
Eu nunca fui do tipo de garota popular, nem mesmo daquela que um dia seria lembrada com respeito. Afinal, na época de escola ou mesmo de faculdade, somos o que nossa aparência ou atitude descrevem.

A faculdade era grande e eu sentia como se todos olhassem diretamente para mim ao passar. Talvez fosse somente a minha mente que não parava por um segundo; eu realmente não era uma pessoa notável.
Isso mudou completamente, mas isso é enredo para o meio da minha história, então vamos do principio.

Eu, como já disse, era a típica “nerd”. Era talvez pior por eu cursar uma faculdade particular como bolsista, e com isso era comum ouvir piadas da “classe social correta”... - é irônico pensar assim agora.
Certa vez estava eu com meus milhares de “amantes” em mãos, quando de repende bato de frente com alguém, mal consegui ver onde exatamente bati ou em quem, fui direto ao chão junto com meus livros. No fundo eu ouvia certas gargalhadas, era somente a turma de uma menina bem popular pela faculdade... No momento que está menina tentou me levantar, suas belíssimas colegas lhe disseram: “-Gabrielle, deixa essa “bolsista nerd” aí, esse é o lugar dela.” Para minha surpresa, Gabrielle contrariou suas amigas e me ajudou a recolher os livros do chão. -Você está bem? – Questionou-me com um sorriso surgindo no rosto. – Mal consegui agradecer a ajuda, as amigas arrancaram-na de diante de mim.

Acabei de levantar-me indagando o fato e ação dessa garota, eu já havia visto ela outras vezes com aquela turma de patricinhas arrogantes e desde sempre eu achei ela tão nojenta quanto todas as outras. Aquele ato me tomou o resto do dia, o resto da semana... Era algo que se repetia em minha mente, e além de tudo eu havia sido totalmente ignorante, nem ao menos agradeci pela ajuda.


II

Eu sempre me sentei sob uma árvore que havia atrás da faculdade, lá era meu lugar de refugiu, onde eu lia meus livros e escutava minhas músicas sem que eu fosse incomodada por aquelas patricinhas. Elas sempre julgavam o que eu vestia e o que eu fazia. A turminha da Gabrielle sempre me chamou: Mafalda. Nunca entendi qual era o motivo para isso, nem tão pouco eu ligava, buscava abstrair tudo isso.
Enquanto eu estava ali sentada, comecei a ouvir algo parecido com um choro. Comecei a buscar a fonte disto, e quando olhei para outro canto... Era Gabrielle que chorava sem parar. Fiquei receosa de chegar até ela questionando o motivo do choro, mas ao mesmo tempo algo me levava a não deixa-la ali. Aproximei-me com toda a calma e ela mal me ouviu chegar, ela estava de cabeça baixa. Estendi a mão sob o rosto dela, dando-lhe um lenço para que enxugasse suas lágrimas. Ela subiu o rosto e jogo aquele olhar em direção ao meu. Seus olhos azuis faziam completo contorno com seu rosto delicado e cabelos escuros. Lembro-me que ao ver as lágrimas escorrerem por seu rosto delicado, veio-me a mente a gota de chuva escorrendo pela pétala de uma rosa. Era a cena mais bonita que eu já havia visto: aquele olhar azul e calmo, com as manchas de maquiagem que se formaram através das lágrimas. Era algo sublime e admirável...

De repente ela me perguntou ao ver-me com meio sorriso estampado no rosto: - você gosta de me ver sofrer? – Eu balancei a cabeça em um gesto involuntário afirmando, mas eu não queria fazer isso.
Ela fez um gesto qualquer para levantar-se, imediatamente eu pedi desculpa, e disse que eu estava pensando em outra coisa.
Ela me questionou sobre o que eu pensava. Preferi não falar. Sentei-me ao lado dela, e sem qualquer intimidade, tentei pergunta-la o que havia acontecido. Ela me sorriu, e encaixou seu rosto no meu ombro, puxando minha mão em torno de seu ombro. Quando tentei tocar no assunto novamente, ela passou um dos dedos sobre minha boca me pedindo silêncio.

III

Estávamos ali há dez minutos caladas quando de repente comecei a ouvir vozes que gritavam o nome de Gabrielle. Ela se levantou com tanta rapidez que deixou cair à pulseira que estava em seu braço, e nem se despediu... Quando notei que se trata das amigas dela, não sei qual foi o motivo, mas eu me escondi. Ouvi de longe elas falando que estavam procurando por ela fazia uma hora. –Uma hora? – Olhei para o celular, e havia passado uma hora. Mas como, pareceram minutos... Eu jurei que só havia passado minutos.
Peguei a pulseira que ela havia deixado cair e resolvi guardar para entrega-la em outra situação.

Havia se passado quase três semanas e essa situação não aconteceu, como eu era muito tímida e tinha medo da repudia dela ou das amigas, resolvi esperar até ter a oportunidade de falar com ela. Mas, eu pensei que ela viesse falar comigo após o que aconteceu, afinal, ela chorou no meu ombro. Só que por mais que eu quisesse, ela não veio até mim. As poucas vezes que nos cruzamos ela desviou o olhar, pareceu que nunca havia falado comigo.
Tomei coragem e fui devolver a pulseira, já que não era minha... Eu não poderia ficar com ela. Gabrielle estava de pé, encostada em uma parede ao lado da biblioteca conversando com o reitor. Quando o reitor saiu dali, ela permaneceu por minutos encostada, parecia que estava pensando na vida. Cheguei em silêncio, ela estava de costas. E
Eu peguei em sua mão direita, coloquei a pulseira, olhei aqueles olhos azuis e sai. Não troquei nenhuma palavra com ela. Gabrielle permaneceu encostada na parede, pelo menos foi o que eu vi antes de virar para ir a outro lugar. Eu notei que ela olhava com total atenção para a pulseira, e eu saia dali indignada por ela nem mesmo ter agradecido.

Horas depois, sem eu saber como até hoje, encontrei dentro de um livro meu, um bilhete escrito: “Obrigada ;D”, exatamente dessa maneira. Confesso que demorei um pouco, mas depois percebi que deveria ser dela. Só não sei como e nem quem o deixou ali. Talvez tenha acontecido em um momento que me afastei do livro... Não importa.


IV

Desde o dia do bilhete em diante, todas as poucas vezes que nos cruzávamos ela abria um sorriso, e as amigas faziam cara de ódio. Eu estava em uma aula quando o celular vibrou: “Finalmente consegui o seu número”

Questionei-me durante uns dez minutos e olhei de um lado para o outro na tentativa de descobrir algum idiota que estivesse fazendo aquilo. Resolvi por fim responder a sms. – Não tem a mínima graça, ao invés de fazer piada com o número dos outros, você devia ganhar maturidade. – Não deu um minuto e veio à resposta: “Ei, é a menina da árvore. A Gabrielle, não se lembra?” – No mesmo momento eu fiquei multicolorida de tanta vergonha, pedi desculpas a ela. “-Tudo bem linda! É que fazia tempo que eu queria o seu número, mas não tive a coragem de pedir.” – Esse fato me deixou sem entender menos ainda o que se passava, mas a partir dali ela começo a mandar-me sms frequentemente. Contava-me os casos, piadas e muito mais. Nunca imaginei que ela fosse tão interessante. Mas nossa amizade estava restrita a sms, eu não tinha corarem de entra no mundo dela.

E assim foi por um mês, até que... Bom, eu estava em aula como sempre, com os meus livros e recebi um sms dela: “-Se você soubesse a verdade...” – Eu respondi a sms perguntando que verdade, mas não tive resposta alguma. Tomei coragem e liguei para ela... Queria saber se estava tudo bem. Ela não me atendeu. Resolvi procurar por ela, mas não a encontrei. Ela simplesmente desapareceu e não me respondeu nenhuma sms. Quando completou quase duas semanas sem vê-la na faculdade, fiquei naturalmente preocupada. “Responde-me: Que verdade? Você está bem? Sabe que pode conversar comigo.” – Nem assim ela me respondeu.

Uma angústia muito grande me dominou o peito, resolvi por fim encarar as amigas dela que tanto me julgavam e perguntar se estava tudo bem com ela.

-Roberta, Paloma? Desculpa meninas, mas vocês sabem o que a Gabrielle tem? Ela sumiu. – Com todo o amor e carinho do mundo elas me responderam, é obvio.
-Mafalda, quem você pensa que é para vir falar conosco? Teu lugar é no canto.
-Mafalda não! Vocês sabem muito bem que me chamo: Carol. E eu estou perguntando as patricinhas sobre a Gabrielle, se ela está bem. Deixe de ser egoísta um minuto.
-Mafalda, temos que rir com você. Não se tocou ainda que ela não quer saber de você? Achou mesmo que uma garota como a Gabi iria gostar de conversar com você? Isso não passou de uma aposta que nós fizemos... Agora ela deve está no SPA curtindo a vitória dela.


Eu devia ter imaginado que era algo do tipo... Fui humilhada por ela. Mandei à última sms: “Parabéns, você venceu. Descobri sua “verdade”, suas amigas me contaram. Aproveite o seu SPA”

V

Resolvi por fim esquecer tudo que me aconteceu naquela semana em que fui humilhada, e voltei para minha vida medíocre sentada sob a árvore com meus livros e pensamentos. Quando eu finalmente achei que teria paz, ouvi uns gritos vindos em minha direção, me assustei. Era Gabrielle e amigas... Fingi que não vi o que acontecia. As meninas gritavam com Gabrielle que continuava vir em minha direção.

-Gabi, não faz isso ou você não é, mas nossa amiga. – Indagaram as duas concomitantemente.
-Amiga? O que vocês falaram de mim para ela? – Gabrielle apontou direto para mim. – O que vocês fizeram não é coisa de amiga. Eu contei a verdade para vocês e tive isso em troca. Dispenso a amizade de vocês.


Gabrielle estava muito exaltada discutindo com as amigas, e falou para elas irem embora. Ela veio andando em minha direção e eu querendo fugir daquela raiva toda. Chegou a mim disparando um monte de coisas e eu sem entender nem um terço delas...

- Carol, não é nada disso que elas lhe falaram. Não teve nada de aposta, essa não é a verdade. – Gabrielle chorava incontrolavelmente.
- Se acalma Gabrielle, se acalma e outro dia nós conversamos. – Sugeri esperando que ela aceitasse isso.
- Eu já esperei demais para conversamos. – Ela segurou no meu braço e me levantou. – Vamos Carol, precisamos conversar em outro lugar. Você sabe dirigir? Não estou em condições.
-Sei sim, mas vamos para onde? – Ela me deu a direção e seguimos. Fiquei quase uma hora dirigindo até chegarmos à casa de praia dela, era lá que ela queria conversar comigo.



VI

O lugar era lindo e estava todo enfeitado. Havia pétalas de rosa sobre todo o chão e velas espalhadas... Ela foi me puxando para dentro da casa. Vi um pouco mais ao fundo uma mesa preparada para um jantar romântico... Estava tudo em um clima tranquilo e ela havia se acalmado. Eu disse:

-Gabrielle, agora que já te deixei você aqui e você está segura e calma, eu estou indo para não atrapalhar sua noite romântica com o seu namorado. Qualquer coisa você me liga. – Ela abriu um meio sorriso no rosto.
Gabrielle caminho em direção a porta, girou a chave e voltou olhando diretamente nos meus olhos enquanto colocava a chave sobre a mesa.

- Carol, a chave está ali, se quiser é só pegar e sair. – Ela sorriu e se aproximou ainda mais de mim. – Mas antes eu preciso ter um jantar romântico com você. – Ela me beijou suavemente bem próximo ao meu sorriso. Eu me arrepiei toda.

Eu me assustei com aquilo, não sabia se estava entendendo bem, mas tudo aquilo ali era para mim. E ela deixou bem claro isso. Como assim?

- Gabrielle, eu não estou entendendo. Qual é a piada? Cadê a câmera? – Eu pensei que era alguma armação para cima de mim.
-Carol, relaxa e vamos jantar. – Ela me seduziu totalmente com o tom de voz. Uma taça de vinho, um sorriso.
-Carol, a verdade é que eu te amo. Sempre te amei, por isso elas implicavam com você. Eu te acho linda e sexy... E não sei quando me apaixonei por você, eu só me apaixonei.
- Gabrielle, eu não sei o que te dizer... Eu nunca me relacionei com outra mulher. –Eu estava com MUITO medo, mas a verdade é que eu adorei quando ela me beijou no canto do rosto.. Que estava ela estava mexendo comigo de uma maneira inexplicável naquele momento.
-Eu também nunca passei por isso Carol, mas essa é a verdade.


Ela se levantou da mesa com a taça de vinho na mão e me puxou, me levou em direção ao quarto. Chegando lá havia uma bandeja com morangos, chocolate, leite condensado entre outros... Ela me sentou na cama e puxou a cadeira sentando-se na minha frente enquanto concluía.

- No dia em que você me encontrou chorando, lembra? Eu havia acabado de contar que eu estava apaixonada por você para minhas amigas. – Questionei então como isso seria possível já que nunca nos falamos.
-Carol, o amor não se explica. Ele se vive! Eu me apaixonei por você sem nem mesmo saber que estava me apaixonando... Todas as vezes que as garotas mexiam com você, eu me sentia mal, péssima. E querendo ou não eu notava o seu sorriso, seu olhar, o quanto você é linda. E quando eu percebi já estava apaixonada, só que nunca tive essa coragem de assumir. Quando nos esbarramos e eu ajudei a recolher seus livros, para você pode não ter sido nada, mas nossas mãos se tocaram e ali meu coração disparou.
-Gabrielle, eu não sei o que dizer... Eu não sei como reagir com uma situação dessas. – Ela puxou a cadeira para mais perto da cama e colocou um pé entre as minhas pernas e na ponta da cama. Aproximou o rosto e disse:
-Carol, no dia em que você me consolou naquele dia você também percebeu que me amava. Você está com tanto medo quanto eu, mas ao mesmo tempo você está aqui na minha frente me desejando, querendo que eu a beije novamente. E acima de tudo, você quer tanto quanto eu fazer amor. –Acho que em algum momento ela notou o quanto me pedir no sorriso dela, no corpo dela. O quanto ela me excitou ao fazer tudo aquilo. Eu realmente desejava.

VII


Não sabíamos o que se passava com nossos corpos, foi algo totalmente natural. Ela veio em minha direção e me beijou tão suavemente. Enroscou uma das mãos sobre meus cabelos, depois de soltá-los. Tirou meus óculos, e disse olhando em meus olhos: -O seu olhar me excita! Continuou a perde-se enquanto enrolava a mão em meus cabelos, sentou-se sobre meu colo e tirou a blusa em um gesto suave e atraente. Beijou-me o pescoço e ao deslizar a língua em direção a minha orelha, deixou escapar um pequeno gemido seguido de um “eu te amo”. Naquele momento eu entendi a expressão de “sangue latino”, afinal, ela tinha família latina. Eu senti o meu sangue borbulhar dentro de mim, estava fervendo a um ponto indescritível. Ela não me deixava mexer... Ela estava me seduzindo para que eu chegasse ao ponto de implorar por aquele corpo.

Foi quando ela reclinou-se sobre mim, me fazendo deitar na cama. Era a visão mais maravilhosa do mundo. Ela sentada sobre meu quadril, sem blusa, e com uma lingerie preta, o que realçava ainda mais o seus olhos e corpo. Aquela pele clara e o corpo totalmente desenhando. Eu tentei me sentar para poder toca-la, mas com todo aquele charme ela me empurrou para a cama novamente. Passou a mão sobre minha cabeça e pegou algo de seda, não sei bem o que foi, e amarrou me vendando completamente.
- Gabrielle, o que você vai fazer? – Senti que ela havia saído de cima de mim. Foi quando ela pediu para que eu a chamasse de Gabi.

Ela sentou-se atrás de mim, me colocou sentada me envolvendo com suas pernas, que agora já estavam nuas, logo tive a certeza que ela estava somente de lingerie. Ela levantou meus braços e tirou minha blusa, me deixando de sutiã. Senti que ela me recostando sobre seu corpo, e algo deslizando em minha barriga até chegar a meus lábios. Ela passou uma rosa sobre o meu corpo, mas logo em seguida passou nos meus lábios a ponta do morango coberta com chocolate e pediu que eu mordesse. Quando eu mordi ela soltou outro gemido suave no meu ouvido.
-Carol, oh god. Você me deixa maluca.

Era evidente que ela estava excita, se ela estava assim, imagine eu. Ela resolveu tirar a minha calça, e me deixar só de calcinha e sutiã. Subiu pelo meu corpo deslizando a língua para tirar o leite condensado que havia espalhado. Eu comecei a gemer... Aquilo me excitou demais. Quando finalmente ela mandou que eu tirasse a venda, ela estava de pé sobre a cama e colocou um pé sobre meu corpo... e começou a tirar a lingerie. Eu não pisquei nem por um segundo, toda a forma do corpo dela me fez querer ainda mais concretizar aquele momento. Ela rebolou na minha frente enquanto deixava a calcinha deslizar por suas pernas... Naquele momento o tesão tomou conta de mim. Eu, em um movimento de pura excitação a agarrei e joguei sobre a cama. Ela não deixava de me provocar:

-Nossa, se eu soubesse que você fosse me pegar desse jeito, eu teria feito isso antes, Carol.
- Gabi... –Ela me fez calar, disse que não era para eu falar nada naquele momento, e sim para tirar a roupa. Ela adorava enrolar a mão no meu cabelo, ela fez isso e jogou chocolate da barriga para baixo e puxou meu cabelo me mandando que eu tirasse. Eu sorri e perguntei como, ela mandou que eu usasse a língua. Naquele momento eu estava além da orbita terrestre... e como eu gostei de beija-la daquela maneira. Fizemos amor durante horas e horas, nossos corpos suados, e quando olhei de novo o sol já bati sobre aquele lindo rosto, transformando os olhos azuis e deixando-os quase transparente.


Não consegui me conter, não mesmo. Eu havia tido um certeza naquela noite e precisava expressar.
- Gabi, eu te amo!
Ela sorriu, beijou o meu pescoço e disse: - Eu já sabia disso. Eu sei desde o dia em que você me abraçou. Soube em todas as vezes que me olhou e agora tenho a certeza.


VIII

Éramos nós. Duas classes socias distintas, dois mundos. Eu não sabia o que iria acontecer dali em diante. Eu voltei para minha vida e meus questionamentos. Ela me mandava dúzias de sms e carinho, mas eu só conseguia pensar no que ocorreria depois. Pensando e repensando se aquilo havia sido somente um jogo para ela, ou sei lá.
Quando estava retornando a faculdade totalmente perdida e alienada do que se passava. Ela chegou praticamente saltitando e pulou (literalmente) no meu colo, me beijou logo em seguida.

-Carol, eu senti tanta a sua falta, por mim você tinha ficado todo o fim de semana comigo. – Ela parecia não ligar para quem estava em volta, nós estávamos na faculdade e ela veio me agarrar.
-Gabi, estamos na faculdade. Talvez não seja bom que saibam o que rolou entre nós duas. – O meu tom deixou algum indicio de medo no ar, confesso.
- Carol, eu te amo. E nunca vou deixar de mostrar isso, se você não estiver preparada eu espero. Mas, desde já, saiba que não quero somente uma noite com você. – Ela me beijo no rosto e saiu triste.


Logo em seguida, não passou cinco minutos, e as amigas dela chegaram.. E voltou a tortura:

-Então a Mafalda iludiu e seduziu a Gabi só para desfrutar da grana dela? Que feia Mafalda... Imagine quando a Gabi souber disso.
-Eu não me aproveitei de ninguém, e nossa vida pessoa não diz respeito a vocês.

Passou 2 horas, e me senti como se eu estivesse no ensino médio. Elas haviam espalhado a fofoca, escrito em paredes, e distribuído um cartão que imprimiram. Todos me olhavam e julgavam, e para piorar a Gabrielle havia sumido.

Todos me julgavam sem parar, comecei a ouvir de fundo, uma ou outra pessoa me chamando de vigarista. E a Gabrielle não aparecia, conclui então que ela havia ignorado o fato que estava acontecendo comigo... E desaparecido e me deixado sofrendo sozinha.

IX

Quando dei por mim havia um bafafá no pátio externo. Olhei novamente, era Gabrielle em cima de uma caixa de som, daquelas dos eventos da faculdade, com microfone nas mãos. Quando ela me avistou de longe, ligou o microfone.

-Quero deixa bem claro: Eu amo a Carol Andrade! E contrariando o que minhas falsas amigas espalham por ai, a Carol não me seduziu. Foi eu que a seduzi. Carol, eu te amo, e não me importo com esses abutres. Deixa-me ser sua, e se entregue a mim igual àquela noite, durante toda a vida. Namora comigo, Carol?

Ela me pediu em namora, assim, na frente de mais de 500 pessoas... E como em um filme, se abriu um corredor me levando em direção dela.
Por um momento eu me senti uma mocinha de filme de amor, onde a garota rica e linda se apaixona pela nerd e pobre. Ela me disse durante todos os dias de faculdade que me amava e que queria ir além. Muitos olhavam com reprova, principalmente as amigas dela. Outros sentiam inveja de nós. Tornamos-nos um casal cujo toda a faculdade sabia da historia de amor. Lembro-me perfeitamente de outros casais que declararam o seu amor depois de nós, de certa forma viramos algum tipo de exemplo. E após aquele dia, todos os outros foram de extremo amor e delírio.

X

Passarem-se dez anos do ocorrido, do meu crescimento pessoal em relação a tudo que eu era e ao que sou hoje. Estou aqui à beira da minha piscina, na minha casa linda, tomando um vinho e escrevendo sobre o que se passou no meu tempo de faculdade. Olho para frente e vejo Jéssica no gramado, ela está linda, com um grande sorriso no rosto. O sol brilha como nunca, mas uma sombra cobriu o meu rosto. Era Gabrielle, que com um gesto suave beijava-me. Ela veio perguntar-me como estava o “trabalho”, mal sabia ela que eu escrevo sobre nós. Com ela estão, duas ou três amigas da época de faculdade; estas trouxerem seus filhos, somente um era solteira, e advinha quem? – A vida é justa, ela pode pisar-te hoje e amanhã logo cedo te presentear com fios de ouro. Foi assim comigo. Minha filha Jéssica é meu maior tesouro, ela recém completou cinco anos, e está a cara da mãe. Prendo-me por preocupações futuras, sabendo o quanto ela vai causar paixões e encantamentos, e em minha porta haverá homens ou mulheres loucos (as) buscando por minha pequena.

Não posso reclamar da vida, tenho plena felicidade. Quem diria que um dia eu estaria onde estou... Casamo-nos 2 anos após concluirmos a faculdade. Muitos julgaram e diziam que não seria algo certo, ou que isto era precipitado. Hoje ao ver ambas bem sucedidas, independentes e felizes, muitos tentam de alguma forma aproximar-se para quem sabe ser tocado por nossa felicidade e sorte.

Em pensar que muitos me falaram que eu seduzi Gabrielle por ela ter dinheiro, por ela ser tudo o que era na faculdade. Estes quebraram a cara, o pai de Gabrielle bloqueou todo o dinheiro dela, impediu que ela usufrui-se de qualquer renda familiar quando ela me apresentou diante da família. E nesse momento ela subiu as escadas e pegou tudo o que coube em uma pequena mala, e saiu de lá comigo.

Quando Jéssica nasceu, eles finalmente entenderam todo o nosso amor. O pai de Gabrielle era o que mais chorava ao ver a neta, e decidiu naquele momento devolver tudo o que era de Gabrielle. Mas, como eu valorizo a mulher bem sucedida que tenho, preciso contar que ela não aceitou nenhum centavo a mais do pai. Entrou em acordo para que seu pai, passe tudo que estava em seu nome para Jéssica, e o pai de Gabrielle concordou em refazer todo o testamento incluindo Jéssica como herdeira. Lembro-me perfeitamente do que ela disse ao pai quando ele lhe ofereceu sua fortuna de volta:

“-Pai, agradeço, mas não preciso. Sou bem sucedida, tenho uma casa linda, uma esposa linda e bem sucedida. Sou completamente feliz. Não me falta nada.”

Gabrielle conversou comigo sobre o acordo que fez com o pai, e eu entendi perfeitamente. Ela garantiu o futuro da nossa “vida” que é Jéssica.

Creio que não percebi antes, mas a noite já caiu... As amigas de Gabrielle se foram. Ela agora está na porta olhando para mim só de camisola. Creio que está na hora de escrever a tão esperada palavra “fim”, se não escreva-la logo, enlouquecerei de desejo por minha mulher...




G.Axt

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