- Era para ser meio que rotativo, mas já que me perguntou eu lhe respondo com outra pergunta. A senhorita nunca passou por uma situação que desejasse saber algum tipo de alto defesa?
Priscilla parecia adivinhar que Fernanda queria saber tudo sobre ela e ao mesmo tempo complicar-la. Como Priscilla nunca foi boba virou o jogo em dois tempos.
- Chama só de Fernanda, por favor. Nunca passei por isso.
- Engraçado Fernanda. Deixe-me contar um caso rápido para vocês. Eu estava em uma boate que eu costumo freqüentar, logo aconteceram algumas coisas e resolvi ir embora. Quando fui buscar minha moto, tinham um grupo de “pessoas” cercando uma menina que chorava no canto sentada. Eu perguntei o que tinha acontecido me lembro até que ela foi meio grosseira comigo. Eu pedi para que fossem embora. E no final acabei dando carona para menina que estava ali perdida. Em suma, se eu não estivesse por perto provavelmente tentariam alguma coisa, se afastaram por que me conhecem. Todos necessitam saber nos defender quando for preciso. Mesmo que seja nos defender contra a fome, a falta de cultura, a falta de conhecimento sobre outros “meios de vida.”
- Eu concordo em termos, mas como você..
- Só um minuto Fernanda. Eu termino de explicar e depois você me pergunta o que quiser. Um dos projetos será realizar...
Priscilla explicou como tudo funcionaria, nos mínimos detalhes e todos eles pareciam agradar.
“O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.”
Clarice Lispector
....
Fernanda parecia procurar desesperadamente por Priscilla, ela sentiu que algumas das palavras dela tinham sido para que a afetassem.
- O que você achou de tudo isso? Fernanda?
- Ham. Verde amiga, o verde é legal.
- Que verde Fernanda? To falando da Priscilla?
- E o que tem ela?
- Ela tem tudo isso. E os olhos de um iguana. E três narizes.
- Eu já estou prestando atenção Bruna.
- Enfim né. O que achou?
- Que ela de burra não tem é nada, tão pouco da metade das coisas que você disse.
- É o que o povo me passou.
- Eu sei.. Bruna.
Fernanda estava acostumada com o namoradinho buscando e levando ela para casa, quase nunca dirigia, sempre teve ele de motorista. Depois de tudo que aconteceu e ainda bater de frente com Priscilla, ela parecia atordoada e seguia pelo meio da pista sem se tocar em nada em sua volta. Priscilla a viu andando pela pista e Fernanda não se tocava quanto aos carros. Priscilla saiu correndo e puxou Fernanda pelo braço antes que ela fosse jogada pro alto por um ônibus que passava.
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